Vitor Hugo e os frutos do Atlântico Norte
Em Lisboa, eu e mais sete companheiros de equipe ficamos quinze dias gravando sem parar uma série de reportagens e documentários sobre os 200 anos da mudança da Corte Portuguesa para o Brasil.
É uma cidade onde se come muito bem e queríamos sempre ir a lugares novos. Só que muitas vezes a gente gravava até nove e meia, dez da noite, uma loucura. Então sobrava o Paco, uma Marisqueira no Campo Pequeno que fica aberta até às 2 da manhã, quando da maioria dos restaurantes fecha a cozinha impreterivelmente às onze da noite. E no Paco, conhecemos o Vítor Hugo, um gajo português, garçom do lugar, logo virou amigo do grupo. Vitor Hugo é um bom papo, sorridente, cílios enormes que parecem moldados a curvex – sempre pronto a oferecer sugestões interessantíssimas.
Eu que já gosto de um fruto do mar, caía dentro de lavagantes ( as lagostonas de pinças enormes) sapateiras(caranguejos também enormes), ameijoas (em conchinhas como o vongoli) e percebes, que o câmera Paulinho Pimentel chama de unha do diabo. Percebes é mesmo o diabo de bom. E com eles queria tomar um vinho branco seco e geladinho porque deu de fazer um calor danado neste início de outono.
Lá veio o Vitor Hugo com a sugestão, um vinho verde.
- Não gosto de vinho verde. É ácido.
-Pois não conheces o que vou te trazer. Se gostares, tomas. Se não, o devolves e pedes outro.
- Vá lá. Traz o vinho, Vitor Hugo.
E não é que era ótimo. Excelente e sem um pingo de acidez. O vinho, que sequer tinha rótulo, vinha das terras do dono do Paco. Um show.
E no final da refeição, o café, a bica cheia, vinha sempre acompanhada de uma excelente bagaceira servida geladinha, como as grappas. Ai que saudade!
O porto do verão
Eis a dica, para os tempos quentes que aí vem. Aprendi no Porto, dentro da Real Companhia Velha que foi fundada pelo Marquês de Pombal quando foi também criada a região demarcada do Douro, a primeira do mundo.
Porto branco, seco, servido na taça clássica de degustação, bem gelado e com casquinhas de laranja. Ou o porto branco seco, em copo de drink clássico, com gelinhos de suco de laranja e as casquinhas também. É um show para abrir a conversa num fim de tarde ou nas noites de primavera-verão. A Marina vai adora combinar com entradinhas e beliscos japas. Experimentem. Eu já estou viciada nesse drink-verão do bem.
Beijos, meninas,
Sandra